Fazendeiros mandam tocar fogo em casa de quilombola no MA, denuncia CPT





O advogado Diogo Cabral, da Comissão Pastoral da Terra (CPT-MA), disse ao Jornal Pequeno, na manhã de hoje (11), que novos conflitos entre fazendeiros e quilombolas voltaram a ocorrer durante o final de semana, no município de Pirapemas (a 196 km de São Luís). Segundo informações da Pastoral, uma casa de taipa de uma quilombola, identificada como Francinalda, foi incendiada no sábado (9) por homens armados a mando de fazendeiros da região.

De acordo com Diogo Cabral, o crime foi um “recado direto” dos fazendeiros, no intuito de intimidar os moradores do local.

“Absurdos estão acontecendo constantemente no campo e nem o Estado nem o Governo Federal fazem nada para mudar esta situação. Felizmente, no momento do atentado a moradora não estava em casa e, portanto, os danos foram apenas materiais. Mas fontes de água já foram envenenadas, animais já foram mortos, roças e plantações já foram destruídas e agora incêndios estão sendo provocados. Além de tudo isso, as mais de 140 famílias quilombolas de Pirapemas ainda têm de conviver com a presença diária de capangas armados que rodeiam o lugar”, disse ele.

A CPT-MA informou ainda que, no município de Bom Jesus das Selvas, mais de 600 famílias ligadas ao Movimento dos Sem Terra (MST), vivem no acampamento Dois Irmãos, desde janeiro de 2012. Cabral relatou que as terras são de propriedade da União, porém foram griladas pelo latifundiário José Osvaldo Damião. Ele contou que mortes são anunciadas ostensivamente na região.

“Mas apesar de vários registros de ocorrência realizados pelos trabalhadores, nenhum inquérito foi instaurado pela Polícia Civil. Dois abortos ocorreram no lugar e a polícia não registrou o fato. O primeiro foi no dia 25 de fevereiro de 2012, quando José Osvaldo Damião tentou matar, por atropelamento, durante a primeira ação armada contra as famílias, a gestante Fagnea Carvalho, grávida de três meses. Um dia depois, quando um grupo de pistoleiros atacou novamente o acampamento, a sem-terra Maria de Fátima Andrade de Jesus, gestante de quatro meses, também sofreu um aborto, em razão da violência praticada pelo bando sob o comandado do grileiro”, declarou Diogo Cabral.

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