As corporações atacam a educação pública
No momento em que as universidades e as escolas federais estão em greve contra o descaso do governo com a educação, a resenha abaixo oferece um bom material informativo, capaz de auxiliar a reflexão sobre os caminhos e descaminhos da educação pública brasileira. Talvez, mais à frente, consigamos construir um movimento mais forte, destruindo as cercas dentro das quais nos movemos, que separam a elite do magistério da maioria dos profissionais de educação do país, e organizar uma gigantesca paralisação envolvendo todos os professores federais, estaduais e municipais, quiçá os da rede pública. Claro, falta-nos ainda organização para isso, porém a persistir o quadro atual do ensino no Brasil, e nada indica que irá mudar com este governo e os que lhe seguirem, o caminho será o da ampliação e radicalização das lutas. As Olimpíadas e a Copa do Mundo dariam uma ampla ressonância a tal movimento. Infelizmente as lutas sociais no Brasil ainda são conduzidas por partidos de esquerda cartorial, mais preocupados com eleições do que com transformações sociais. Claro, isso é um grande empecilho, mas não devemos desistir de buscar um horizonte melhor para o Brasil.
Zantonc
Escolas que podemos invejar
Diane Ravitch, no New York Review of Books, 8 de março de 2012
Tradução Viomundo
[Resenha do livro Lições Finlandesas: O que o mundo pode aprender com as mudanças educacionais na Finlândia?, de Pasi Sahlberg, Teachers College Press, 167 páginas, U$34.95]
Em anos recentes autoridades eleitas e formuladores de políticas
públicas como o ex-presidente George W. Bush, o ex-chanceler educacional
de Nova York, Joel Klein; a ex-chanceler educacional de Washington DC,
Michelle Rhee e a secretária de Educação [equivale ao ministro, nos
Estados Unidos] Arne Duncan concordaram que não deve haver “desculpas”
para a existência de escolas com notas baixas em testes de múltipla
escolha. Os reformistas do “sem desculpas” acreditam que todas as
crianças podem atingir determinada proficiência acadêmica
independentemente de pobreza, problemas de aprendizagem ou outras
condições, e que alguém deve ser responsabilizado se os alunos não
conseguirem. Este alguém é invariavelmente o professor.
[Nota do Viomundo: Na lista acima podemos incluir um sem número de 'especialistas' e políticos brasileiros que bebem na matriz neoconservadora]
Nada é dito sobre cobrar responsabilidade dos líderes municipais ou
de autoridades eleitas que decidem questões cruciais como financiamento,
tamanho da classe e distribuição de recursos. Os reformistas dizem que
nossa economia corre risco, não por causa da crescente pobreza ou
desigualdade de renda ou da exportação de empregos, mas por causa de
professores ruins. Estes professores ruins devem ser identificados e
jogados fora. Qualquer lei, regulamentação ou contrato que proteja estes
malfeitores pedagógicos precisa ser eliminada para que eles sejam
rapidamente removidos sem considerar experiência, senioridade ou
processo legal.
A crença de que as escolas, em si, podem superar os efeitos da
pobreza teve origem décadas atrás, mas sua mais recente manifestação
está num livro curto, publicado em 2000 pela conservadora Fundação
Heritage, de Washington DC, intitulado Sem Desculpas [No Excuses]. No
livro, Samuel Casey Carter identificou vinte e uma escolas em regiões de
alto índice de pobreza com bons resultados nos testes. Na última
década, figuras influentes na vida pública decretaram que a reforma
escolar é chave para sanar a pobreza. Bill Gates declarou à National
Urban League, “vamos acabar com o mito de que podemos acabar com a
pobreza antes de melhorar a educação. Eu diria que é ao contrário:
melhorar a educação é a melhor forma de resolver a pobreza”. Gates nunca
explicou porque uma sociedade rica e poderosa como a nossa não pode
enfrentar a pobreza e a melhoria da educação ao mesmo tempo.
Por um período, a Fundação Gates imaginou que escolas menores eram a
resposta, mas Gates agora acredita que a avaliação dos professores é o
ingrediente primário da reforma escolar. A Fundação Gates dá centenas de
milhões de dólares a distritos escolares para desenvolver novos métodos
de avaliação. Em 2009, a principal reformista, secretária da Educação
Arne Duncan, lançou um programa competitivo de U$ 4,35 bilhões chamado
Corrida ao Topo, que exige que os estados avaliem os professores
baseados nos resultados de testes e que removam os limites existentes
sobre as escolas charter gerenciadas privadamente [escolas que recebem
financiamento público e privado, mas que não se submetem a todas as
regras impostas pelo estado; em vez disso, se comprometem a atingir
determinados parâmetros definidos numa declaração de princípios, o
charter].
O principal mecanismo da reforma escolar de hoje é identificar
professores capazes de melhorar os resultados dos testes dos alunos ano
após ano. Se os resultados melhorarem, dizem os reformistas, então os
estudantes vão seguir na escola até a faculdade e a pobreza
eventualmente vai desaparecer. Isso vai acontecer, acreditam os
reformistas, se houver um “grande professor” em toda classe e se um
número maior de escolas for entregue a gerentes privados, ou mesmo a
corporações com fins lucrativos.
Os reformistas não se importam se os testes padronizados são
vulneráveis a erros de medição, de amostragem ou outros erros
estatísticos. Eles não parecem se importar se especialistas como Robert
L. Linn da Universidade do Colorado, Linda Darling-Hammond de Stanford e
Helen F. Ladd de Duke, assim como a comissão formada pelo National
Research Council, já alertaram sobre o mau uso dos testes-padrão como
forma de dar recompensas ou sanções a professores, individualmente. Nem
enxergam o absurdo de avaliar a qualidade de cada professor a partir de
testes de múltipla escolha a que estudantes são submetidos uma vez por
ano.
Os testes podem revelar informações úteis, mostrando a alunos e
professores o que está sendo ou não aprendido; os resultados podem ser
utilizados para diagnosticar problemas de aprendizagem. Mas coisas ruins
acontecem quando o resultado de testes passa a ter grande consequência
para estudantes, professores e escolas, como a redução do currículo para
incluir só o que é testável ou cola ou diminuir o padrão de ensino para
inflar os resultados. Em resposta à pressão federal e estadual para
melhorar o resultado dos testes, distritos escolares de todo o país têm
reduzido o tempo para o ensino de artes, educação física, História,
civismo e outras matérias não-testáveis. Isso não vai melhorar a
qualidade da educação e com certeza vai prejudicá-la.
Nenhuma nação do mundo eliminou a pobreza demitindo professores ou
entregando escolas a gerentes privados; não há estudos que apoiem
qualquer destas estratégias. Mas estes fatos inconvenientes não reduzem o
zelo dos reformistas. A nova turma de reformistas da educação é formada
principalmente por gerentes de fundos hedge de Wall Street, integrantes
de fundações, executivos de corporações, empreendedores e formuladores
de políticas públicas, mas poucos educadores experientes. A desconexão
dos reformistas do dia-a-dia da educação e a indiferença em relação a
estudos acadêmicos sobre o assunto permitem aos reformistas ignorar a
importância das famílias e da pobreza na educação.
As escolas podem fazer milagres, os reformistas dizem, ao se basear
em competição, desregulamentação e gerenciamento pelos números —
estratégias similares às que produziram o crash econômico de 2008. Em
vista da queda dos reformistas por estas estratégias, os educadores
tendem a chamá-los de “reformistas corporativos”, para distinguí-los
daqueles que entendem as complexidades da melhoria do sistema de ensino.
A bem financiada campanha de relações públicas dos reformistas
corporativos foi bem sucedida ao persuadir autoridades eleitas e o
público norte-americano de que a educação pública precisa de uma terapia
de choque. Uma pessoa tende a se esquecer de que os Estados Unidos têm a
maior e uma das mais bem sucedidas economias do mundo e que parte deste
sucesso pode ser atribuído a instituições que educaram 90% das pessoas
desta nação.
Diante de uma incansável campanha contra os professores e a educação
pública, os educadores têm buscado uma narrativa diferente, livre da
estigmatização dos resultados de testes de múltipla escolha e das
punições previstas pelos reformistas corporativos. Encontraram isso na
Finlândia. Mesmo os reformistas corporativos admiram a Finlândia,
aparentemente não reconhecendo que a Finlândia desprova todas as suas
diretrizes.
Não é estranho os Estados Unidos usarem outra nação como modelo para a
reforma da educação. Na metade do século 19, os líderes da educação dos
Estados Unidos elogiavam o sistema prussiano por seu profissionalismo e
estrutura. Nos anos 60, os norte-americanos correram para o Reino Unido
para se maravilhar com as escolas progressistas. Nos anos 80 os
norte-americanos atribuiram o sucesso econômico do Japão ao sistema
educacional do país. Agora a nação mais favorecida é a Finlândia e por
quatro boas razões.
Primeiro, a Finlândia tem o sistema com melhor performance do mundo,
medida pelo Programme for International Student Assessment (PISA), que
avalia leitura, conhecimento matemático e científico para estudantes de
15 anos de idade da Organização para Cooperação Econômica e
Desenvolvimento (OECD), inclusive os Estados Unidos. Contrariamente a
nossos testes, não há consequências práticas nos testes aplicados pelo
PISA. Nenhum indivíduo ou escola fica sabendo de seus resultados.
Ninguém é recompensado ou punido por causa dos resultados dos testes.
Ninguém se prepara para os testes, nem existe incentivo para distorcer o
resultado.
Segundo, de uma perspectiva norte-americana, a Finlândia é um
universo alternativo. Rejeita todas as “reformas” atualmente populares
nos Estados Unidos, como a aplicação de testes, escolas charter,
pagamento dos professores por mérito, competição ou avaliação dos
professores baseada nos resultados de testes aplicados a estudantes.
Terceiro, entre as nações da OECD, as escolas finlandesas têm a menor
variação em qualidade, significando que chegam perto de atingir uma
oportunidade educacional igualitária — um ideal norte-americano.
Quarto, a Finlândia emprestou muitas das ideias que valoriza dos
Estados Unidos, como a igualdade de oportunidades educacional, instrução
individualizada, avaliação de portfolio e aprendizagem cooperativa.
Muitos destes empréstimos derivam do trabalho do filósofo John Dewey.
Em Lições Finlandesas: O que o mundo pode aprender com as mudanças educacionais na Finlândia?,
Pasi Sahlberg explica como as escolas do país se tornaram bem
sucedidas. Autoridade de governo, pesquisador e ex-professor de
matemática e de Ciências, Sahlberg atribui a melhoria das escolas
finlandesas a decisões ousadas tomadas nos anos 60 e 70. A história da
Finlândia é importante, ele escreve, “porque traz esperança àqueles que
estão perdendo a fé na educação pública”.
Detratores dizem que a Finlândia tem boa performance acadêmica porque
é etnicamente homogênea, mas Sahlberg responde que “o mesmo vale para o
Japão, Xangai ou Coreia”, que são admiradas pelos reformistas
corporativos por sua ênfase nos testes de múltipla escolha. Para os
detratores que dizem que a Finlândia, com sua população de 5,5 milhões, é
muito pequena para servir de modelo, Sahlberg responde que “cerca de 30
estados dos Estados Unidos têm uma população parecida ou menor que a da
Finlândia”.
Sahlberg fala diretamente sobre a sensação de crise educacional que
existe nos Estados Unidos e em outras nações. Os formuladores de
políticas dos Estados Unidos procuram soluções baseadas no mercado,
propondo “competição mais dura, obtenção de mais dados, abolição dos
sindicatos de professores, criação de mais escolas charter ou adoção de
modelos de gerenciamento do mundo corporativo”.
Em contraste, a Finlândia gastou os últimos quarenta anos
desenvolvendo um sistema educacional diferente, focado em melhorar a
qualidade dos professores, limitar os testes a um mínimo necessário,
colocar responsabilidade e confiança antes de cobranças e entregar a
liderança das escolas e dos distritos escolares a profissionais da
educação.
Para um observador norte-americano, o fato mais marcante da educação
finlandesa é que os estudantes não fazem testes-padrão até o fim da
escola secundária. Eles fazem exames, mas os exames são desenvolvidos
pelos próprios professores, não por uma corporação multinacional de
ensino. A escola básica finlandesa de nove anos é uma “zona livre de
testes-padrão”, onde as crianças são encorajadas a “saber, criar e
sustentar sua curiosidade natural”.
Encontrei Pasi Sahlberg em dezembro de 2010. Eu fazia parte da dezena
de educadores convidados para visitar a casa do cônsul finlandês em
Nova York para saber mais sobre o sistema educacional do país um dia
depois do anúncio dos resultados de testes internacionais. De novo, a
Finlândia estava no topo das nações, como tem estado na última década.
Sahlberg assegurou aos convidados que os educadores finlandeses não se
preocupavam com os resultados dos testes-padrão e davam boas vindas aos
resultados internacionais apenas porque estes resultados protegiam as
escolas finlandesas contra os conservadores que exigem testes e
resultados.
Os professores finlandeses, disse Sahlberg, são bem educados, bem
preparados e altamente respeitados. Recebem o mesmo que os professores
dos Estados Unidos em relação a outros profissionais com diplomas
universitários, mas professores finlandeses com quinze anos de
experiência em sala de aula recebem mais que seus colegas
norte-americanos. Perguntei a Sahlberg como era possível cobrar
resultado de professores e escolas se não havia testes padronizados. Ele
respondeu que os educadores finlandeses preferem falar em
responsabilidade, não em obrigações. Ele disse, “nossos professores são
muito responsáveis; são profissionais”. Quando perguntado sobre o que
acontece com professores incompetentes, Sahlberg insistiu que eles nunca
conseguiriam emprego; uma vez professores qualificados conseguem o
emprego, é muito difícil demití-los. Quando perguntado como seria a
reação de professores finlandeses se fossem julgados a partir do
resultado dos testes aplicados em seus estudantes, ele respondeu
“deixariam as escolas e não voltariam ao trabalho enquanto as
autoridades não abandonassem essa ideia maluca”.
Sahlberg me convidou para ir à Finlândia e visitar várias escolas, o
que eu eventualmente fiz em setembro de 2011. Com Sahlberg como meu
guia, eu visitei escolas bem iluminadas e alegres, onde estudantes
estavam engajados na aprendizagem de música, teatro, drama e estudos
acadêmicos, com intervalos de 15 minutos entre as aulas. Conversei
longamente com professores e diretores em saguões amplos e confortáveis.
Livres da obsessão com os testes que agora consome a maior parte do dia
nas escolas norte-americanas, a equipe tem tempo para discutir e
planejar o programa educacional.
Antes que eu deixasse a Finlândia, Sahlberg me deu o livro chamado A melhor escola do mundo: Sete exemplos finlandeses para o século 21 [The Best School in the World: Seven Finnish Examples from the 21st Century],
sobre a arquitetura de escolas finlandesas. O livro é baseado em uma
exposição apresentada na Bienal de Veneza de Arquitetura de 2010. Quando
visitamos uma das escolas que aparecem no livro, eu pensei, como é
gostoso descobrir uma nação que se preocupa apaixonadamente com o
ambiente físico no qual as crianças aprendem e os adultos trabalham.
Nisso, a Finlândia é uma nação distinta. As escolas são
cuidadosamente desenhadas para considerar as necessidades acadêmicas,
sociais, emocionais e físicas das crianças, começando bem cedo. Os
programas pré-escolares não são obrigatórios, mas abrigam 98% das
crianças do país. A educação obrigatória começa aos 7 anos de idade. Os
educadores finlandeses cuidam para não deixar as crianças para trás e
evitam rotulá-las como repetentes, já que estas ações provocam fracasso,
diminuem a motivação e aumentam a desigualdade social. Depois de nove
anos de um currículo amplo, nos quais não há julgamento por habilidade,
os estudantes finlandeses escolhem se querem uma escola secundária
acadêmica ou vocacional. Cerca de 42% escolhem a segunda opção. A taxa
de conclusão é de 93%, comparada com cerca de 80% nos Estados Unidos.
O programa de preparação de professores da Finlândia está no centro
da estratégia de reforma do sistema escolar. Somente oito universidades
podem formar professores e a entrada nos programas de elite da formação
de professores é altamente competitivo: só um em dez candidatos é
aceito. Não há formas alternativas de receber uma licença para lecionar.
Os aceitos obrigatoriamente passaram por treinamento em física,
química, filosofia, música e pelo menos dois idiomas durante sua vida
escolar. Os futuros professores passam por três anos de educação
acadêmica e em seguida fazem um programa de mestrado de dois anos. Os
professores de determinadas disciplinas precisam fazer mestrado naquelas
disciplinas que vão lecionar, não — como acontece nos Estados Unidos —
em pedagogia ou em escolas especiais que ensinam a lecionar. Todo
candidato se prepara para ensinar a todos os tipos de estudantes,
inclusive com necessidades especiais e outras. Todo professor precisa
ter as duas formações, os três anos de faculdade e os dois de mestrado.
Como a admissão é difícil e o treinamento é rigoroso, lecionar é uma
profissão de respeito e prestígio na Finlândia. O processo é tão
seletivo e exigente que virtualmente todos os professores são bem
preparados. Sahlberg escreveu que os professores abraçam a profissão com
um sentido de missão e as únicas razões pelas quais abandonariam a
carreira é “se perderem sua autonomia profissional” ou se “pagamento
baseado numa política de mérito [ligado a resultados de testes] fosse
imposto”. Enquanto isso, os Estados Unidos agora fazem aos professores
do país o que os professores finlandeses achariam profissionalmente
repreensível: julgar o valor dos professores pelos resultados de testes
aplicados em estudantes.
O currículo nacional da Finlândia em artes e ciências descreve o que
deve ser apreendido mas não prescreve detalhes sobre o que exatamente o
professor deve ensinar, nem como. O currículo requer o ensino de um
idioma nacional (finlandês ou sueco), matemática, idiomas estrangeiros,
história, biologia, ciência ambiental, religião, ética, geografia,
química, física, música, artes visuais, artesanato, educação física,
saúde e outros estudos.
Os professores têm grande liberdade em cada escola para decidir o que
ensinar, como ensinar e como avaliar o progresso dos pupilos. Os
educadores finlandeses concordam que “toda criança tem o direito de
receber apoio personalizado dado desde cedo por profissionais treinados,
como parte de sua educação”. Sahlberg estima que 50% dos estudantes
recebem algum tipo de atenção de especialistas nos primeiros anos de
escola. Os professores e diretores frequentemente discutem juntos as
necessidades dos estudantes e da escola. Como resultado desta política,
Sahlberg escreve, “a maioria dos visitantes à Finlândia descobre prédios
elegantes repletos de crianças calmas e de professores altamente
preparados. Também reconhecem a grande autonomia de cada escola: pouca
interferência da administração central da educação no dia-a-dia da
escola, métodos sistemáticos para enfrentar os problemas do dia-a-dia
dos estudantes e ajuda profissional focada nos que precisam dela”.
As crianças da Finlândia têm importantes vantagens sobre as crianças
norte-americanas. A nação tem uma forte rede de seguridade social, paga
com altos impostos. Mais de 20% de nossas crianças vivem na pobreza,
enquanto menos de 4% das crianças finlandesas enfrentam o mesmo
problema. Muitas crianças nos Estados Unidos não têm acesso a cuidados
médicos regulares, mas todas as crianças finlandesas recebem serviços
médicos completos e almoço grátis todos os dois. As universidades
finlandesas são gratuitas.
Sahlberg reconhece que a Finlândia ficou de fora do que ele designou
como “Movimento Global para a Reforma da Educação”, que ele definiu com
propriedade usando a sigla GERM [de Global Education Reform Movement,
germe em inglês]. O GERM, ele nota, é um vírus que infectou não apenas
os Estados Unidos, mas o Reino Unido, Austrália e muitas outras nações. O
programa No Child Left Behind do presidente George W. Bush e o programa Race to the Top,
do presidente Barack Obama, são exemplos do movimento de reforma
global. Ambos promovem testes-padrão como a medida mais adequada para
avaliar o sucesso de estudantes, professores e escolas; privatização, na
forma de transferência de escolas para gerenciamento privado;
currículos-padrão; e cobrança baseada em resultados de testes, com o
pagamento por mérito de professores, fechamento de escolas com
resultados ruins e demissão de educadores cujos alunos tiverem notas
baixas.
Em contraste, o objetivo central da educação finlandesa é o
desenvolvimento de cada criança como uma pessoa pensante, ativa e
criativa não obrigada a atingir resultados altos nos testes; a
estratégia primária da educação finlandesa é a cooperação, não a
competição. Vou avaliar a organização Teach for America — que aparece no livro A Chance to Make History, de Wendy Kopp — em comparação com o modelo finlandês em um segundo artigo.
FONTE: Viomundo
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