A
luta pela terra tem se acirrado nos últimos anos não só em Rondônia,
mas em todo o Brasil. A situação de miséria, fome e a falta de trabalho
empurram as famílias para tomar terras. Desde o dia 03 de agosto de 2011
dezenas de famílias camponesas estão acampadas às margens da estrada
que liga os municípios de Primavera do D’Oeste e Parecis. Essas famílias
estão há anos lutando por um pedaço de terra onde possam produzir para
alimentar seus filhos e há anos estão sendo maltratados pelos
latifundiários e pelo INCRA.
Em 2003 esses
camponeses ocuparam o latifúndio situado na linha 65, lote 30A setor 05,
gleba Corumbiara no município de Parecis/RO de suposta propriedade de
Washington Luiz Jarenko. Essa área foi uma das áreas licitadas com
cláusulas resolutivas (Contrato de Alienação de Terras Públicas – CATP),
cujos adquirentes tornaram-se inadimplentes. Nos meados dos anos de 1970 ao começo dos anos de 1980, o INCRA implantou o processo licitatório de terras públicas, através dos famosos Contratos de Alienação de Terras Públicas - CATPs. Tem-se notícia que foram licitados algo
em torno de 1,5 milhões de hectares com aproximadamente 1.100
licitantes. Essa foi uma modalidade de aquisição de terras públicas
criadas pelo Governo Federal para atender aos interesses dos
latifundiários no processo de colonização da Amazônia.
Os poderosos adquiriram terras que nem sabiam se existiam ou não. A maioria desses latifúndios licitados, não foram efetivamente ocupados e explorados. Os CATPs estipulavam cláusulas resolutivas, sendo, pois a propriedade resolúvel, com prazos a serem cumpridos a contar da outorga dos mesmos, a saber: um ano para a ocupação do lote; dois anos para medição
e demarcação do lote e cinco anos para a implantação de empresa
rural. Criou-se, pois, uma verdadeira inadimplência, quer pelo simples
abandono das áreas, quer pelo não cumprimento das obrigações assumidas.
Essa área em
questão não cumpriu com as cláusulas do CATP e há mais de 30 anos não
paga impostos e nada produz. Segundo denunciam os camponeses, o INCRA
protege o latifundiário, pois mesmo sabendo que é uma área de
assentamento oficial não toma nenhuma iniciativa para expulsá-lo.
Ao
ocuparem essa área em 2003, os camponeses reivindicaram a posse da
terra junto ao INCRA, mas o latifundiário conseguiu a reintegração de
posse e foram despejados no mesmo ano. Ficaram dois anos acampados à
margem da estrada. Em 2005 reocuparam a área e novamente foram
despejados, ocasião em que acamparam às margens da estrada linha 65-
Parecis/RO.
Em 2004 o delegado
da Receita Federal Sr. Afonso Tomal Júnior adquiriu 300 alqueires dessa
área que ficou dividida em dois lotes para dificultar a desapropriação:
lote 30A e Lote 30R.
Em 2006 foi
ajuizada ação na Justiça Federal solicitando o cancelamento da CATP e a
liberação da área para reforma agrária. O INCRA pediu a retomada e não a
requisição da área para a reforma agrária, o que beneficiou os ditos
“proprietários”.
Em 2007
insistentemente, pela terceira vez, os camponeses retornaram à área.
Estavam produzindo em suas roças quando novamente houve reintegração de
posse em sentença proferida pela Juíza Anita Magdelaine Perez Belem da
Comarca de Santa Luzia D’Oeste em 1º de abril de 2009. Em 20 de julho
de 2009 mais uma vez os camponeses foram despejados. Na ocasião o
coordenador do acampamento fez acordo com o INCRA e levou parte das
famílias para o lote 54, setor Barão de Melgaço em Pimenta Bueno. Houve
conflitos entre estas e os acampados do local, não havia transporte
escolar e nem água adequada para consumo. As famílias revoltadas com a
situação, retornaram para Parecis no dia 1º de março de 2010 e acamparam
próximo a área antes reivindicada, na estrada linha 70 km 15. O
latifundiário ajuizou ação dizendo que os camponeses estavam turbando
sua posse e no dia 09 de julho de 2010 pela quinta vez os camponeses são
despejados, desta vez da margem da estrada, pois o latifundiário
convenceu o INCRA e o judiciário que a estrada era também sua
propriedade.
Cansados
de serem jogados de um lado para o outro os camponeses RESISTIRAM ao
despejo. No dia 15 de fevereiro foi solicitado junto à Ouvidoria Agrária
a intervenção no local para que se cumprisse a ordem de despejo da
comarca de Santa Luzia. Os camponeses foram duramente coagidos a
deixarem a área por Márcia do Nascimento Pereira, ouvidora Agrária-
INCRA-RO, Thiago Roberto Ruiz, Chefe do INCRA – Pimenta Bueno, João
Batista Caetano, Representante da Ouvidoria Agrária Nacional , o Tenente
Coronel Márcio Angelo Pinto acompanhado de vários policiais militares.
No dia 03 de agosto o INCRA e a Polícia Militar mais uma vez despejaram
os camponeses, mas desta vez foram despejados da estrada, para não
incomodarem ao latifundiário, sendo levados para outra estrada, a Capa
24 km 72 onde permanecem até o momento. Essa Camarilha não se
envergonhou dessa ação absurda de despejar camponeses de uma estrada!
Homens, mulheres e crianças maltratadas, com sua dignidade ferida,
simplesmente por reivindicar terra para trabalhar. Esse já é quinto
despejo que passam essas famílias, que iludidas com a promessa da falida
reforma agrária do governo, estão há mais de 8 anos debaixo de lona
preta esperando obter um pedaço de terra.
Com a chegada da
gerência petista ao governo ficou provada a falência de qualquer
modificação ou reforma por parte do Estado brasileiro no que diz
respeito à questão agrária em favor do povo. Lula e Dilma comprovaram
seu compromisso com o latifúndio, com o agronegócio e mantém sua
política suja de enganar o povo.
Toda esta política
de favorecimento dos latifundiários e repressão aos camponeses é a prova
mais concreta da falência da reforma agrária do governo e aponta para a
necessidade dos camponeses tomarem as terras e cortarem por conta
própria fazendo avançar a revolução agrária.
Por isso, os
camponeses do acampamento arraial do Cajueiro, mesmo em situação
precária (não recebem cesta básica desde dezembro de 2010), estão com
muita disposição. Após oito anos de luta não desistiram de ter seu
pedaço de terra e se organizaram recentemente na Liga dos Camponeses
Pobres sob a consigna da Revolução Agrária e vão permanecer firmes até a
vitória.
Terra para quem nela trabalha!
Tomar todas as terras do latifúndio!
Viva a Revolução Agrária! |
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