GRANDE VITÓRIA DO MOVIMENTO CAMPONÊS E DEMOCRÁTICO

Ruço e Joel são inocentados!
Cai por terra 4 anos de injustiça!


Jaru/RO, 09 de abril de 2007

Dia 04 de abril de 2007 Jaru nasceu mais feliz. Rojões deram a alvorada, dezenas de camponeses, estudantes e intelectuais comprometidos com a luta do povo empunhando bandeiras vermelhas bradaram palavras de ordem. Os camponeses Wenderson Francisco dos Santos, o Ruço e Joel Gomes da Silva, o Joel Garimpeiro, foram inocentados pelo júri popular!

Eles eram acusados injustamente da morte de um pistoleiro do latifundiário Galo Velho. O julgamento que durou quase 24 horas (??) foi assistido por mais de cem pessoas, entre camponeses vindos de várias linhas e cidades, estudantes e professores de Porto Velho, populares de Jaru e representantes de entidades democráticas.

Ruço e Joel foram muito bem defendidos por uma equipe de advogados pertencentes ao NAP-Brasil – Núcleo de Advogados do Povo do Brasil e à IAPL – Associação Internacional dos Advogados do Povo e vindos de outros estados, além de um defensor público de Jaru. Eles derrotaram um a um os argumentos absurdos da acusação, encabeçada pelo promotor público Adilson Donizete de Oliveira.

O depoimento de Ruço foi comovente, várias pessoas choraram ao ouvirem todo sofrimento que ele passou na prisão.

Justiça foi feita! Chegou ao fim o calvário de Ruço!

Ele foi preso em agosto de 2003, sofreu todo tipo de arbitrariedades e violência nas mãos do Estado repressor. Foi ameaçado de morte, foi transferido para o famigerado presídio Urso Branco, torturado, baleado, impedido de velar o próprio pai. Juízes rondonienses infringiram a lei em perseguições e ataques contra ele.

Latifundiários tentaram de tudo para condená-los. Além de influenciar juízes e a polícia, usou bandos armados de pistoleiros para ameaçar de morte um advogado e lideranças camponesas. Também destilaram todo seu veneno em matérias mentirosas e caluniosas contra Ruço e os movimentos camponês e democrático combativo em jornalecos vendidos.

Nas vésperas do julgamento eles ainda tentaram intimidar os camponeses e apoiadores. Pistoleiros ficaram circulando em torno da sede da LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia, em Jaru, viaturas policiais passaram em frente a toda hora. Três companheiros foram presos pela PM enquanto distribuíam o Jornal Resistência Camponesa que trazia matérias sobre o julgamento de Ruço. Empresas de transportes receberam telefonemas de policiais ameaçando caso fretassem ônibus para camponeses virem dos lotes participar do julgamento. Barreira policial foi montada em Theobroma para tentar impedir que o ônibus que trazia os camponeses chegasse a Jaru.

Toda esta repressão tem um motivo: Ruço, Caco e Joel lutavam pelo sagrado direito à um pedaço de terra para nela viver, trabalhar e ter uma vida digna com sua família, assim como fazem milhões de camponeses pelo país afora.


Então, o que estava em jogo neste julgamento, quem estava no banco dos réus não eram apenas Ruço e Joel e sim todos os camponeses pobres que lutam de forma combativa por seus direitos. Isto ficou muito claro na estratégia de acusação do promotor, a todo momento ele atacava a LCP de ser organização criminosa, que não é registrada e ninguém sabe quem são os líderes e planejou a morte do pistoleiro de Galo Velho.

Este processo é só uma parte de um complexo plano de criminalização do movimento camponês, perpetrado pelo latifúndio e todos seus comparsas. Querem tratar como caso de polícia o problema social de milhões assolados pela miséria, fome e morte causados pelo sistema agrário latifundiário em nosso país. Com isso tentam colocar a opinião pública contra a luta camponesa, querem que ninguém fique sabendo o que acontece nos rincões deste país onde os camponeses trabalham para sustentar o Brasil e lutam para escapar da morte, que chega com as malárias ou pelas mãos de pistoleiros a soldo do latifúndio.

A luta mais antiga e mais urgente do povo brasileiro é a terra para quem nela vive e trabalha! Camponeses não têm mais ilusão com a reforma agrária do governo, não acreditam mais na enrolação do Incra. Durante o governo Lula/FMI nenhum latifúndio foi cortado, centenas de acampamentos camponeses foram despejados, mais de 200 camponeses foram assassinados em todo o país e nenhum responsável foi punido.

Os camponeses estão se organizando, tomando latifúndios, cortando e distribuindo lotes, estão avançando a produção, construindo pontes, estradas, abrindo cidades, estimulando o comércio, tomando as decisões sobre tudo que lhes diz respeito em suas áreas. É a Revolução Agrária que já se iniciou em várias partes do país.

Os latifundiários estão com medo, não querem que ninguém atrapalhe seus negócios criminosos: trabalho escravo e servil, tráfico de drogas, formação de pistolagem, enriquecimento às custas da riqueza do nosso solo, de isenção de impostos e de empréstimos milionários com dinheiro público, sempre perdoados.

Galo Velho e outros latifundiários estão se roendo de ódio, têm que engolir esta amarga derrota.

Foi a luta organizada de camponeses, estudantes e intelectuais honestos que arrancou Ruço das garras do latifúndio!

Nos últimos quatro anos foi realizada uma grande campanha pela liberdade de Ruço e pelo fim do processo contra ele, Joel e Caco. Foram dezenas de manifestações e atos públicos, centenas de milhares de panfletos e cartazes com a foto de Ruço distribuídos, matérias em jornais impressos e na internet, entrevistas em rádios que atingiram cidades de vários estados brasileiros e até de outros países. Uma Carta Aberta colheu mais de 600 assinaturas de cientistas, intelectuais, advogados, professores e entidades democráticas nacionais e internacionais.

Jaru nasceu mais feliz, o Brasil amanheceu mais justo no dia 04 de baril de 2007. A verdade prevaleceu.

Ainda temos um longo e árduo caminho pela frente.

De um lado, os latifundiários continuam atacando os camponeses pobres em luta, suas lideranças e entidades. Seguem com sua campanha de criminalização do movimento camponês combativo. Seguem com os processos contra Caco, Derci e tantos outros camponeses.

De outro lado, os camponeses continuam lutando pela terra e pela Revolução Agrária. Continua a luta contra todos os bárbaros crimes cometidos pelo latifúndio contra os camponeses pobres.

Esta importante vitória em Jaru comprovou que estamos no caminho certo. Aproveitamos para agradecer todas as pessoas e entidades democráticas do país e do mundo que contribuíram de uma forma ou de outra. O movimento de apoio e solidariedade é imprescindível para a luta dos camponeses.

Para alguns, a inocência de Ruço e Joel pode parecer um fato pequeno. Mas não é. Para Ruço, representa sua tão esperada liberdade e para o povo é o prenúncio de grandes acontecimentos na história de nosso país. É o raiar do novo dia que vem vindo, um dia lindo, com terra, trabalho, justiça e liberdade para todo o povo, livre do latifúndio, da grande burguesia e do imperialismo!

Fim do processo contra os camponeses Caco e Derci!
O povo quer terra, não repressão!
Tomar todas as terras do latifúndio! Viva a Revolução Agrária!


LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia


Observação:
Por favor, acessem, comentem e divulguem o blog lutacamponesabrasil.blogspot.com

Comentários

Anônimo disse…
Aécio Neves se prepara para reprimir
mais uma vez os camponeses pobres.

No dia 12/11 (4ª feira) helicópteros da Polícia Militar sobrevoaram o Acampamento Douradinho no município do Prata/MG tentando intimidar e ameaçar as famílias de camponeses pobres acampadas na área.

Esta é uma prática da PM que faz reconhecimento para depois mandar efetivo para invadir a área e reprimir os camponeses. Foi assim que ocorreu recentemente com os camponeses acampados na Fazenda Barro Preto em Gurinhatã/ MG. Numa operação covarde e ilegítima mais de 150 policiais fortemente armados despejaram as famílias de camponeses pobres.

Agora Aécio se prepara para fazer o mesmo no acampamento Douradinho. Esta Fazenda foi considerada improdutiva através do laudo do INCRA, mas quando os interesses dos latifundiários estão em jogo o governo não se importa em reprimir o povo.

O latifundiário João Luiz de Mello coleciona mais de 20 fazendas, das quais a maioria abandonas e sem nenhum valor social. Porém para continuar mantendo a posse da Douradinho tenta fazer barganha com o governo através de uma liminar que foi expedida há vários meses atrás.

Como de praxe a Vara Agrária e o governo, a serviço do latifúndio, preparam para dar continuidade a seus planos de criminalizar a luta camponesa. Em nossa região os usineiros têm promovido todo tipo de devastação da natureza e exploração e opressão dos trabalhadores no campo, trazendo apenas mais fome e miséria para o povo.

Já para os camponeses pobres nada de terra e apenas repressão! Os camponeses resistirão na sua luta justa por um pedaço de terra e não aceitarão mais a escravidão deste sistema latifundiário arcaico.

Os camponeses exigem imediata solução e intervenção por parte do INCRA e de todos os órgãos competentes nesta questão.

O POVO QUER TERRA, NÃO REPRESSÃO!
TERRA A QUEM NELA TRABALHA!

13 de novembro de 2008

Acampados da Fazenda Douradinho
Liga dos Camponeses Pobres - Centro Oeste
Rua Jaime Medina Coeli n°242, conj. Alvorada, Uberlândia – MG
Tel/fax: (34) 3229 4583 e-mail: lcp_co@centershop.com.br

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