MAJOR JOAQUIM PIRES CERVEIRA, HERÓI DO POVO BRASILEIRO


Transcrevemos matéria publicada no jornal A Nova Democracia, nº 67, de julho de 2010. Prestamos, assim, não só uma homenagem a esse autêntico revolucionário como chamamos a atenção do leitor para observar como os aparelhos de repressão da ditatura permanecem inalterados na falsa democracia brasileira, ocultos e intocados por aqueles que no passado posavam de revolucionários (observem que o sequestro de Neusah ocorreu em 2007, em pleno governo Lula), mas que hoje, sabemos muito bem, não passam de moleques de recado dos capitalistas, a quem servem com servilismo repugnante.  

Infelizmente, a farsa eleitoral corre solta, promovida por uma enxurrada de verbas públicas desviadas ou de origem suspeita. De um lado, o candidato da indústria e de grupos empresariais transnacionais; de outro, a representante do capital financeiro. Entre eles, na verdade, nenhuma diferença substancial, apenas modos de realinhar no poder grupos organizados para ocupar os cargos públicos em proveito pessoal. Como há uma legião de aventureiros, ambiciosos e criminosos para um número reduzido de fontes de recursos econômicos, as eleições são realizadas para promover o eventual rearranjo entre as gangues políticas - publicamente identificadas como partidos políticos - que, com sofreguidão insaciável  cada vez maior, dilapidam o patrimônio público e inviabilizam, deliberadamente, o país.
Para cumprir a tarefa de destruir o país e escravizar o povo, os donos do poder têm em suas mãos o congresso, a justiça, as igrejas, a polícia, as forças armadas e a mídia.

Nunca nos curvamos a essa corja. Atravessamos anos cinzas, movidos por deserções, traições, alterações de rumos, buscas e aventuras individualistas. Sobrevivemos a quedas, mortes, desmoronamento do comunismo burocrático, mitos desfeitos, desmobilização, apatia,  naufrágio de utopias, derrotas, tropeços. Ficamos isolados na não aceitação da miséria, da ganância, da barbárie. Somos comunistas até o osso, até o fim. O comunismo nem nasceu ainda. O capitalismo, sim, morreu há muito tempo. É o seu cadáver em decomposição que envenena a vida da humanidade, reduzindo o humano à mercadoria, subtraindo-lhe o abraço, o riso, a fraternidade, a solidariedade, o estar junto, o construir junto, a esperança e a vontade de ir além de qualquer fronteira, limite. É a putrefação capitalista que sequestrou a realidade, colocando em seu lugar uma fantasia criminosa, o reino do vale tudo, do gesto mesquinho, da redução do indivíduo a mero consumidor, o entorpecimento do olhar capaz de abrigar e acolher o outro, a ternura pelas crianças e pelos velhos, reduzidos estes também a consumidores (vejam, por exemplo, a exploração criminosa dos bancos sobre os aposentados estimulada pelo governo petista). 

Não temos receita para o mundo,  não defendemos a verdade, não acreditamos em deuses nem endeusamos homens, desconfiamos de líderes. Para nós todos os homens são iguais, só podemos respeitar um partido que respeite o povo, um partido que seja controlado pelo povo, um partido que nada mais faça que obedecer a vontade do trabalhador. Infelizmente tal movimento político não existe no Brasil. A sua existência pressupõe a ideia de revolução. Criá-lo é fundamental para romper a situação em que nos encontramos, na qual o capitalismo deita e rola sem qualquer preocupação. É hora de despertar. É hora de voltar a lutar. É hora de tirar o sono dos poderosos. De acender os mais profundos pesadelos do burguês. 

Luta Popular, diminuto espaço meio escondido na internet, espera contribuir, ainda que em escala microscópcia, para provocar uma reflexão que conduza a uma prática capaz de ajudar na construção de um movimento coletivo, vasto, massivo, com a finalidade de detonar a república dos vermes implantada em nossa terra.

Zantonc


 
LÁGRIMAS NÃO COMOVEM CARRASCOS


Depoimento de Neusah Cerveira *


Joaquim Pires Cerveira nascido em 14 de dezembro de 1923 em Pelotas – RS.  Este filho do alferes da cavalaria Marcello Pires Cerveira, e de Auracele Goulart Cerveira (uma das tias de João Goulart), ingressou muito jovem no PCB.
Era poliglota e formou-se engenheiro em telecomunicações. Não tinha interesse inicial em seguir a carreira militar, mas o fez com o intento de sustentar sua família. Era um homem reto, de olhar franco e primava pela justiça. Foi entusiasta e ativista da campanha O Petróleo é Nosso. Era uma grande liderança entre os sargentos e ferroviários no Paraná. Sua influência entre os trabalhadores e militares futuramente o levariam a se candidatar como deputado estadual pelo PTB e depois eleger-se como vereador pelo mesmo partido.


No final dos anos de 1950 meu pai foi convidado para a reunião da Organização Latino-Americana de Solidariedade – OLAS. Essa organização surgiu tendo como centro a revolução cubana e tinha como objetivo difundir a sua linha, o foquismo, que tinha em Régis Debray seu principal ideólogo. Ele voltou de lá decidido a aplicar a linha de revolução de libertação de Cuba.


Nesse período o major Cerveira já sustentava diversas contradições com a direção do PCB e decidiu desligar-se de seu Comitê Central. Em 1958 chegaram a lhe designar para a direção do comitê regional de São Paulo a fim de que reconsiderasse suas posições, mas não foi o que aconteceu. Após realizar diversos contatos e travar intenso debate, ele e um grupo de militantes organizam a Frente de Libertação Nacional.

O golpe

Morávamos em Curitiba. Meu pai viajava muito e a frequência de estrangeiros em nossa casa era muito grande. Todos os dias havia reuniões em casa. Quando veio o golpe, meu pai ficou marcado como líder da resistência, foi preso e julgado, bem como todos os seus irmãos. Ele era vereador e teve seus direitos políticos cassados por dez anos.


Depois de solto, permaneceu apenas seis meses em liberdade. Foi novamente detido, dessa vez com maior brutalidade. Mas dessa vez permaneceu apenas três dias preso, fugindo da prisão com o auxílio de sargentos.

A clandestinidade

No início de 1968 nossa casa foi novamente invadida. Minha mãe havia saído com um de meus irmãos para fazer compras e ambos foram sequestrados em uma ação conjunta da Polícia Federal, Exército e Cenimar. Os militares invadiram nossa casa e eu fugi com meu irmão mais novo. Os militares disseram que só libertariam minha mãe quando meu pai se apresentasse. Meu pai estava em Curitiba reorganizando a FLN.


Enquanto minha mãe e meu irmão eram torturados pelos militares, meu pai  anunciou que estava com a esposa de um coronel e só a libertaria se minha mãe e meu irmão fossem libertados, caso contrário, a mataria. Somente assim libertaram os dois.


Com o apoio de companheiros, a família deslocou-se para São Paulo e de lá para o Rio de Janeiro. Passamos todos à clandestinidade, vivendo em aparelhos (1). Minha mãe não aceitou ir para Cuba. Nessa época meu pai mantinha contatos e fazia ações conjuntas com o Lamarca, então comandante da Vanguarda Popular Revolucionária – VPR. A VPR preparou, em conjunto com a FLN, o sequestro do embaixador alemão Von Holleben. A FLN tinha como tarefa a logística e a segurança da operação. Dias antes do sequestro, um membro da VPR caiu e revelou as informações sobre meu pai.


Uma operação para tirar minha família do Brasil foi montada. Mas quando tudo estava pronto, o carro que levava minha mãe e meus irmãos foi cercado.


Era abril de 1970. Todos foram levados para o DOI-CODI e torturados. Meu pai estava preso em uma cela solitária e minha mãe foi colocada na sala das "mulheres perigosas". Eu, a única em liberdade, fui deixada em uma igreja em Copacabana, onde seria apanhada. Sem saber da prisão da minha mãe e irmãos, fiquei um dia inteiro esperando. O padre estranhou minha demora e eu pensei que ele fizesse parte do apoio. Contei tudo a ele, que foi para a sacristia. Cheguei mais perto e ouvi que ele dava com a língua nos dentes sobre mim. Saí correndo e cheguei até o Arpoador, quando senti que alguém me tocava os ombros. Me assustei, mas eram novos companheiros do meu pai, que me levaram para um local seguro. 
[Somente depois Neusah saberia que o casal de companheiros com quem estava eram Carlos Lamarca e Iara Iavelberg, dirigentes da VPR.  Dando continuidade aos planos de sequestrar o embaixador alemão e trocá-lo por presos políticos do regime militar-fascista, Lamarca incluiu o nome do Major Cerveira entre os prisioneiros a serem libertados e enviados ao exílio na Europa.

Após esses acontecimentos, a esposa, (Maria de Lourdes Cerveira) do Major Cerveira foi solta e durante quatro anos teve que ir periodicamente ao quartel assinar papéis e prestar informações sobre suas ocupações. Cerveira foi banido e demitido do exército.]

Luta sem fronteiras

[Neusah e seu pai só foram se reencontrar na França. De lá foram para Cuba, Argélia e finalmente, no final de 1970, para o Chile, logo após a vitória de Salvador Allende nas eleições presidenciais.] 
Ele trabalhava junto ao Ministério das Telecomunicações. Frequentava a casa de Allende. Meu pai viajava o tempo todo, ampliando seus contatos, planejando ações. Era o responsável por uma gráfica clandestina da FLN. 
[Quando do golpe militar de Pinochet em 1973, o Major Cerveira ficou no palácio e resistiu aos ataques e bombardeios, saindo de lá apenas quando se feriu. Na sua saída do Chile, ele foi ajudado pelos mapuches e pelo povo andino, com quem mantinha contatos. Ele e mais 15 companheiros conseguiram se retirar de forma heroica. Após uma curta passagem por Cuba, Cerveira foi para a Argentina. Reagrupando companheiros brasileiros e de outros países da América Latina, construíram a Frente de Esquerda Revolucionária.]
A Frente realizou pelo menos uma ação de maior envergadura na Argentina e atribuem a ela a morte de meu pai.


A última vez que conversamos foi antes de Allende ser deposto. Um amigo havia sido morto e perguntei porque não íamos embora. Ele respondeu: "porque somos internacionalistas". Me recordo que na última vez que estivemos na casa de Allende, meu pai defendia a necessidade de armar o povo. Nos separamos na região fronteiriça, já no Uruguai. Ele me disse que devia lutar por meus ideais.

Nas garras da Condor

[A ação da Frente levada a cabo na Argentina tratou-se do justiçamento de um general. Cerveira foi entregue aos órgãos de repressão através de um agente infiltrado. Era um militante próximo do major, comprado pela Operação Condor.] 
Cerveira foi sequestrado às 18hs do dia 5 de dezembro de 1973 com outro companheiro, João Batista de Rita Pereda. Antes de ser preso, ele foi atropelado por uma equipe que, segundo relatos de testemunhas, era comandada pelo torturador Sérgio Paranhos Fleury. Depois de atropelado o puseram em uma ambulância. Um avião fretado o levou de Buenos Aires ao Galeão, no Rio de Janeiro.


Cerveira e Rita Pereda passaram um dia no DOI-CODI no Rio. Rita Pereda ficou no Rio e o Major Cerveira foi levado para o Paraná. Lá ele foi brutalmente torturado e teve os olhos vazados. Em São Paulo, foi novamente torturado sob as ordens do então coronel Brilhante Ustra.


O próprio Brilhante Ustra, agora general reformado, reconheceu que meu pai foi preso e torturado em uma entrevista concedida a mim. Esta entrevista foi reconhecida por ele, tem sua assinatura e está anexada à minha tese de doutorado – detalha Neusah. 
[Neusah iniciou um grande movimento de denúncias, acionou a Anistia Internacional e a ONU. Um preso político testemunhou ter visto o Major Cerveira nas dependências do quartel.] 
Mas não conseguimos legalizar sua prisão. Mesmo ele tendo sido reconhecido pelo capelão Major Barroso, que confirmou a sua prisão em São Paulo. Os militares começaram a me seguir e a perseguir meus familiares. Recebemos um "recado" de que devíamos sair de São Paulo. Estava tudo perdido.


Uma militante presa na ocasião disse que viu meu pai muito maltratado em uma acareação, ela disse que na madrugada do dia 13 de janeiro de 1974 ele chegou em uma ambulância com o Ustra. Durante as torturas, em um determinado momento o Ustra, que comandava as seções de sevícias, deu um chute no rosto do meu pai já desacordado e gritou: "esse não fala nada".


Essa é a marca que fica gravada da retidão, firmeza e dignidade do meu pai. Assim que ele e o Rita Pereda foram presos, as quedas de companheiros pararam imediatamente. Ninguém da Frente caiu mais na Argentina ou em outros países. Eles não entregaram nada nem ninguém.

Uma profissão de fé

[Neusah Cerveira tem se dedicado ao longo dos últimos anos ao estudo da Operação Condor. Desse modo, tem investigado documentos no Brasil e no exterior em busca de informações sobre a operação e suas distintas fases.] 
Não fiz esta pesquisa com cunho memorialista. Como consequência das minhas pesquisas, tornei-me especialista de período. Se não houvesse ocorrido o que ocorreu com meu pai, talvez eu não teria realizado tudo isso. Descobri que meu pai foi o primeiro caso da Operação Condor e busquei aprofundar a pesquisa.


Se eu quisesse fazer algo memorialista, faria um livro para vender, como esses elementos que andaram por aí no exílio e voltaram para fazer livrinhos. Não é esse meu objetivo.


Também devido a todos esses motivos, desenvolvi uma militância. Fui fundadora do grupo Tortura Nunca Mais e do Comitê Brasileiro pela Anistia. Sempre me liguei a organizações de luta popular no Brasil e na América Latina. 

Perseguições à Neusah e sua família

Em 2007, antes da defesa da minha tese de doutorado Memória da Dor – A operação Condor no Brasil (1973/1985), fui sequestrada no Rio de Janeiro. Fui sedada e torturada. 
[Neusah mostra marcas de queimaduras nos seus braços.] 
Ainda assim, sob o choque desse sequestro, apresentei o conteúdo da tese.


Depois desse acontecimento no Rio de Janeiro, fui para Natal - RN, ainda no mesmo ano. Lá, eu e minha filha de sete anos de idade fomos novamente sequestradas.


Eu fui separada de minha filha, jogada em uma cela sob ameaças para que assinasse um "termo de culpa". Interrogaram minha filha, que precisou de atendimento psicológico. O fato é comprovado e foi a própria ONU quem pagou o tratamento dela durante três meses. 
[No final de 2008, o exército suspendeu a pensão de sua mãe, que então contava 77 anos. Na ocasião Neusah denunciou: "Pensão que ela tem direito, não é um favor, meu pai descontou para que ela tivesse esse benefício durante toda sua carreira militar. Mesmo assim suspenderam a pensão fazendo com que minha mãe passe por constrangimentos, como cheques devolvidos e o não pagamento do seu seguro saúde. Num momento bem difícil quando ela está com uma grave pneumonia. Minha mãe continua sendo punida de forma violenta pelo crime de ser a viúva do meu pai. E, também por ser minha mãe." A pensão de sua mãe só foi restabelecida após uma série de amargas discussões com o Ministério da Defesa.] 

Hoje eu tenho elementos para afirmar que essas perseguições já não são feitas tanto pela militância do meu pai, mas pela minha postura e militância política. Eu sou uma mulher independente, com minhas próprias convicções. Minha militância não tem mais conexão com a do meu pai.

A justiça há de ser feita

Não há a menor vontade política ou intenção dos governantes e desse Estado em investigar, revelar e fazer justiça. O presidente da república, em tese, é o comandante em chefe das Forças Armadas. Não seria necessário fazer uma campanha, demagogia, ou coisa nenhuma para abrir os arquivos e punir os torturadores. Se ele quisesse, poderia fazer isso. Bastaria uma ordem. Mas não, faz-se o alarde para depois dizer que "não foi possível".


O PNDH3 é uma mentira, uma patranha. De quatro em quatro anos eles evocam os mortos para "levantarem de suas tumbas" por razões eleitoreiras. No restante do tempo, preferiam que não existíssemos.


Pode ser que alguns queiram dar um enterro cristão aos seus mortos. Eu prefiro lutar pelo como, pelo onde, e punir os responsáveis. E não foram só os militares que cometeram crimes. Também devem ser incluídos os empresários que pagavam pela tortura no nosso país, que financiaram o estudo dos filhos desses militares no estrangeiro. Eles tem que pagar pela tortura, pela pilhagem, pelo assassinato.


Eu particularmente fui contra essa Anistia, mas fui voto vencido. Meu pai não foi um criminoso. E também não suporto que me chamem de vítima, não sou. Sou filha de um lutador que estava convicto da sua luta e do que poderia sofrer. Os torturadores e seus comparsas sim, cometeram crimes contra a humanidade.


Eu não considero que viva em uma democracia e não vou me acovardar por isso.


Por isso eu sigo lutando, pesquisando, apresentando estudos. Isso para fazer justiça.


Existem companheiros, familiares de mortos e desaparecidos, passando necessidades, morrendo à míngua, traumatizados. As campanhas que temos visto atualmente são oportunistas e os coniventes com elas também são. Uma vez por semana tentam me cooptar para que eu capitule. Mas não vão conseguir.


Se um criminoso está hoje com 78 anos ele deve morrer na cadeia. Por que ele merece anistia sendo que há pessoas também com 78 anos que lutaram e não tem direito à justiça e são perseguidos até hoje?


Acredito que isso é o mínimo pelo que devemos lutar, pois o povo só terá mesmo sua plena justiça quando contar com uma vanguarda experimentada que a conduza a uma nova sociedade. Lágrimas não comovem carrascos. O caminho é a luta.
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*A doutora Neusah Cerveira é membro do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos – Cebraspo. É também economista, geógrafa e jornalista. Pós-graduada em História da América Latina pela UFRN. Pós-graduada em Literatura Comparada e Crítica Literária de Cinema. Pós-Graduada em Metodologia de Ensino Superior pela Universidade de Havana. Pós-Graduada em Geografia e Organização do Espaço. Mestre em Geografia e em Ciências Sociais pela UFRN. Doutora em Ciências Humanas pela USP.

Comentários

Papa Jojoy disse…
Realmente esse major Cerveira era duro na queda. Sou ex-militar, servi naqueles tempos difíceis e vi o quanto a comunidade militar decente se agastava com a minoria de militares que praticamente assaltou o Exército para cometer arbitrariedades. Certo dia, em 71, eu próprio preso no PIC - Barão de Mesquita - , vi um homem sendo retirado, amparado por outros dois à paisana. O homem não se aguentava em pé e estava muito magro e pálido. Perguntei o que era aquilo e me disseram para não mexer em casa de marimbondo. Eu era simples soldado. Fiquei na minha. Só mais tarde pude entender tudo. Mas, verdade seja dita: havia um medo generalizado contra civis. Éramos constantemente alertados para os perigos de bombas, emboscadas e ataques que poderiam vir de homens, mulheres, velhos e até de crianças. Era a guerra total, segundo diziam.
Mas o que foi feito a esse major realmente me comoveu porque conheci gente que com ele serviu e que dele falava com admiração. E todos os relatos que sem visto falam de lances de covardia e desconsideração para com ele, em flagrante desrespeito para com sua condição de oficial.
Só posso mesmo lamentar.

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