LUTA DOS ESTUDANTES MINEIROS


Em defesa da ampliação do meio-passe, cerca de 300 jovens fecham cruzamento das avenidas Afonso Pena e Amazonas e tumultuam trânsito na região, com reflexo em vários bairros. Cinco estudantes foram detidos.


MANIFESTAÇÃO ESTUDANTIL REPRIMIDA PELA PM EM BELO HORIZONTE

Rosildo Mendes
Repórter

Líderes de movimentos estudantis de Belo Horizonte reivindicam meio passe no transporte coletivo da capital para todos os alunos. Uma comissão deverá se reunir às 10 horas com representantes da BHTrans. Na manhã de ontem, estudantes de vários colégios fecharam totalmente a Avenida Afonso Pena, no sentido Centro/Mangabeiras, na Praça 7, por aproximadamente duas horas, provocando um verdadeiro caos no trânsito. Cinco deles acabaram sendo presos, mas foram liberados à tarde.


De acordo com a Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Belo Horizonte, existe um projeto em discussão na Câmara, em que somente os alunos beneficiados pelo Bolsa Família e Bolsa Escola teriam direito ao meio passe. A PBH nega qualquer agendamento dos manifestante com lideranças políticas para resolverem o impasse. Já a assessoria da BHTrans informou que, nos últimos 15 dias, duas reuniões foram realizadas com membros da comissão de estudantes para tentar resolver o problema. Ainda conforme a BHTrans, existe uma proposta para ser discutida na reunião de hoje. A assessoria, no entanto, não adiantou seu conteúdo.


Durante a manifestação, que reuniu cerca de 500 alunos, segundo a liderança estudantil e a PM, cinco estudantes foram presos e dois militares ficaram feridos. Segundo os militares, três menores, que foram apreendidos, teriam sido o pivô da confusão. De acordo com o coronel Sandro Teatini, do Comando de Policiamento Especializado, tudo começou após os adolescentes pegarem pedras de uma obra da prefeitura para atirarem nos militares. Ainda segundo Teatini, um militar viu a ação dos estudantes e, durante a abordagem, teve início o conflito.


A presidente da Associação dos Estudantes do Rio de Janeiro, Gabriela Soares Valentin, 21 anos, e o estudante Renato Campos Amaral, 21 anos, presidente do Diretório Acadêmico de Letras da UFMG, foram presos por desacato à autoridade. Segundo coronel Teatini, no momento em que os jovens estavam sendo levados para o micro-ônibus, os dois tentaram impedir. Na confusão, dois militares ficaram feridos. Os policiais tiveram que usar spray de pimenta para conter os ânimos dos manifestantes.


O deputado estadual Wellington Prado (PT), que acompanhava as negociações com a polícia para uma retirada pacífica, disse que o movimento é histórico. “Sempre haverá a perseguição da polícia. Luto por esta causa há anos. Belo Horizonte é uma das poucas capitais do Brasil que os alunos não têm passe escolar”, lembra.


O presidente da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande BH (Ames-BH),Guilherme Silva Pinto, 19 anos, afirmou que tudo começou porque a polícia queria acabar com o protesto dos estudantes. “Estamos lutando por um direito dos alunos. É um movimento pacífico, a polícia não precisava empurrar e nem bater nas pessoas”, revoltou-se.


Outro indignado com a atitude da polícia era o vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Gregório Motta Gould, 22 anos, marido de Gabriela, que foi detida.


Segundo Gould, sua mulher apenas filmava o movimento no momento em que foi presa. Ele planejava levá-la ao Instituto Médico Legal para fazer exame de corpo de delito. “Polícia é para ladrão, para estudante não”, cantavam os manifestantes o tempo todo no alto-falante do carro que acompanhava a multidão. O coronel Sandro Teatini negou todas as agressões.


A estudante Ludmilla de César, 16 anos, aluna do Colégio Estadual Central, em meio a confusão, passou mal e foi levada por um carro do Samu para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII. Segundo o tenente-coronel Antônio Carvalho, um militar quebrou o dedo da mão esquerda e outro teve um arranhão na testa durante o protesto. A PM apreendeu quatro pedras, uma tesoura, um estilete e um rádio transmissor.


Matéria reproduzida do jornal Hoje em dia, de Minas Gerais, 14/05/2009.

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