O MARACANÃ PAROU


Reproduzimos abaixo o panfleto distribuído pelo núcleo do Rio de Janeiro da Liga Operária na assembleia dos trabalhadores da construção pesada da obra de reforma do estádio do Maracanã, realizada na manhã do dia 22/08. Os trabalhadores envolvidos na obra entraram em greve no dia 17/08, após um acidente com um trabalhador. A mando da chefia da obra, um trabalhador cortou com maçarico um tambor vazio que era usado para armazenar combustível, que acabou explodindo e ferindo e queimando o companheiro. Após tentar sem sucesso encerrar a greve na manhã do dia 19/08, tendo em mãos uma promessa de reajuste de R$10,00 no auxílio-alimentação dos trabalhadores, a direção sindical conseguiu enfim acabar com o movimento na manhã do dia 22/08. Apresentaram a proposta do Consórcio Maracanã Rio 2014, de reajuste de R$50,00 no auxílio-refeição e de implantação de um plano de saúde para os trabalhadores, deixando de lado as reivindicações de aumento de R$ 190,00 para o auxílio alimentação, além do reajuste do piso salarial e o compromisso por uma atenção maior pela segurança dos trabalhadores nas obras.

RIO DE JANEIRO, AGOSTO DE 2011

Saudamos todos os operários da obra do Maracanã que cruzaram os braços em protesto contra o descaso do consórcio pela segurança dos trabalhadores e por uma compensação digna pelo seu trabalho. A Liga Operária se solidariza com o companheiro Carlos Felipe acidentado por irresponsabilidade do Consórcio Maracanã e apóia incondicionalmente a paralisação dos colegas operários. As construtoras do Consórcio Maracanã Rio 2014 (Odebrecht, Andrade Gutierrez e Delta) estão lucrando milhões de verba pública à custa da exploração e do salário de fome pago aos operários. Pois o tempo fechou e mesmo com a indicação de acordo proposta pela direção sindical, os trabalhadores só aceitam voltar a trabalhar com suas reivindicações atendidas.

As reivindicações são claras:


Ao contrário da propaganda que faz o governo e o Pelé, de que pra fazer a Copa no Brasil todos têm que jogar junto, prece que os empresários e o governo querem que os operários ralem e se arrebente enquanto e eles assistem só de camarote! O consórcio vai receber quase um bilhão de reais para fazer a reforma do Maracanã, mas quer pagar uma miséria pro trabalhador. É por conta disso que um mar de operários cruzou os braços. Não devemos aceitar essa situação. Vamos sacudir essa cidade e mostrar que a obra exemplo da Copa está podre por dentro e se apóia em escravidão e super-exploração de trabalho. O que por um lado aparenta estar caminhando bem e em estágio avançado de desenvolvimento, por outro vemos uma política de arrocho salarial, fome, acidentes e descumprimento de normas elementares de trabalho.

O aumento de R$ 10,00 no auxílio-deixa-com-fome é piada! A decisão do Consórcio de encaminhar a decisão da negociação para a Justiça do Trabalho, só mostra que eles não tem intenção nenhuma de reconhecer o trabalho dos operários!

Em todas as obras do PAC acontece esse tipo de exploração. Em Minas Gerais, Rondônia, Ceará, Pernambuco e diversos outros locais operários estão se revoltando contra essas situações. Na construção da Usina Jirau, no rio Madeira em Rondônia, 20.000 operários entraram em greve contra a escravidão e situações inaceitáveis de trabalho, como alojamentos caindo aos pedaços, sem hora-extra, salário arrochado, falta de contato com familiares e transporte inadequado. Tudo isso com o apoio do governo que através de uma propaganda demagógica e mentirosa, aplica as mais insalubres condições de trabalho.

Para realizar a Copa no Brasil não tem sido diferente. Antes dos companheiros do Maracanã pararem, os operários do Mineirão em Belo Horizonte entraram em greve em Junho e tiveram várias conquistas! Conquistaram reajuste salarial, pagamento de hora-extra 100%, recebimento de um cartão alimentação (que eles não tinham), jantar até as 19h pra quem fosse trabalhar além desse horário, recebimento de PLR, plano de saúde, condições de trabalho iguais para os empregados das subempreiteiras, regularização dos chuveiros elétricos e 6 meses de estabilidade para os operários que participaram da negociação.

Rebelar-se é justo! Todos os operários estão convocados a seguirem firmes nessa mobilização. Emprego é o que não falta na construção. Não temos nada a perder. É greve neles contra o arrocho e a escravidão! E vamos ficar atentos contra qualquer manobra oportunista que tente fazermos abrir mãos dos nossos direitos!

 

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