Milícias rurais agem impunemente em Pernambuco


Mais um Sem Terra assassinado; o segundo em duas semanas

O trabalhador rural Sem Terra, Pedro Bruno, foi assassinado na manhã desta segunda-feira (2) com vários tiros, próximo ao engenho Pereira Grande, no município de Gameleira, Zona da Mata Sul de Pernambuco. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST ) acredita que o assassinato de Pedro Bruno tenha sido uma retaliação à reocupação do engenho Pereira Grande, que ocorreu na madrugada deste domingo (1º).

Pedro Bruno era assentado no Assentamento Dona Margarida Alves e se dirigia a outro assentamento, Frescudim, ambos também no município de Gameleira, quando foi alvejado por vários tiros de arma de fogo.

O engenho Pereira Grande pertence à Usina Estreliana e é uma das áreas emblemáticas de conflitos de terra no estado de Pernambuco. A área foi declarada de interesse social para fins de reforma agrária em novembro de 2003, mas depois de uma série de recursos impetrados, a Usina conseguiu barrar o processo de desapropriação quando a ministra Ellen Gracie, então Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que havia dado imissão de posse da área ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) uma semana antes, revê sua decisão e determina que a imissão de posse e o seguimento da ação de desapropriação só poderão se dar após o julgamento final do processo. O caso está, desde então, pendente na justiça.

A Usina Estreliana é acusada de vários crimes trabalhistas. Em janeiro de 2010, o proprietário da Usina, Gustavo Costa de Albuquerque Maranhão, que havia sido denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), foi condenado a quatro anos e meio de reclusão, por deixar de repassar ao INSS, durante 18 meses, as contribuições previdenciárias recolhidas no valor de mais de R$600 mil de seus empregados.

O MST e organizações de direitos humanos como a Terra de Direitos vem denunciando a violência no campo em Pernambuco:. Segundo eles, pistoleiros recebem R$ 50,00 por dia para atirarem contra trabalhadores rurais Sem Terra; fazendeiros andam armados e ameaçam agricultores até mesmo em suas próprias casas e a polícia atua como segurança privada de fazendas, intimidando e ameaçando famílias Sem Terra.

As denúncias alcançam os agentes da lei, como delegados, juízes e promotores, que, segundo o MST, legitimam o uso de violência e de milícias armadas por parte de proprietários de terra; enquanto trabalhadores rurais desaparecem e são mortos em emboscadas.

Os muitos casos

No último dia 23, o trabalhador Rural Sem Terra Antônio Tiningo foi assassinado em uma emboscada quando se dirigia para o acampamento da fazenda Açucena, no município de Jataúba, agreste de Pernambuco. Tiningo era um dos coordenadores do MST na região.

No mesmo dia, pistoleiros atiraram contra famílias Sem Terra acampadas próximo à fazenda Serro Azul, no município de Altinho, também no agreste de Pernambuco. Duas mulheres e uma criança foram atingidas.

No último dia 8 de março, cerca de 200 mulheres do MST realizaram um ato no engenho Pereira Grande, exigindo a desapropriação da área e condenando as consequências econômicas e sociais do monocultivo de cana na região. Na ocasião elas foram cercadas por pistoleiros do engenho que disparara vários tiros contra as camponesas.


FONTE: http://www.vermelho.org.br/

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