O NARCOPRESIDENTE DA COLÔMBIA
Por que é importante o texto abaixo para nós? Simples, porque o presidente colombiano é a referência do governador Sérgio Cabral no tratamento ao crime organizado. É para rir ou para chorar?


O escândalo actual escândalo confirma que Uribe Velez, o mais fiel aliado dos EUA na América Latina, foi reeleito pelos narcotraficantes. É com aliados como Álvaro Uribe que os Estados Unidos e os seguidistas governos da União Europeia dizem combater o narcotráfico e o que chamam terrorismo…!

Texto de Miguel Suarez* - 10.12.06

“Se alguém tem algo contra mim, que o diga”…Depois do mandato de captura emitido pelo Supremo Tribunal no passado dia 8 de Novembro de 2006 contra três parlamentares uribistas, testas-de-ferro do narcotráfico, e depois de no passado dia 18 de Outubro de 2006, a pedido do Pólo Democrático Alternativo, se dar o debate parlamentar sobre o chamado “Processo de Paz”, um temor generalizado invadiu a narcoligarquia colombiana.

Todos querem lavar as mãos e aparentar ser gente honrada, e em voz baixa e termos muitos genéricos, atrevem-se a condenar a infiltração pela máfia do que eles chamam a classe dirigente.Cruzam-se ameaças e até na rádio se ouviu o desespero dos narcotraficantes e dos seus testas-de-ferro.

O narcotraficante Diego Vecino, em nome dos seus sócios do cartel de Medellin, ameaçou directamente a oligarquia colombiana, dizendo que “quando respondermos perante a Justiça, vamos dizer toda a verdade, mas a Colômbia deve estar preparada para isso”.

Outra ameaça, esta também directa, contra o narcotraficante Álvaro Uribe Velez, veio de um dos mais importantes testa-de-ferro dos narcotraficantes segundo o qual, de acordo com a imprensa internacional, os narcotraficantes já tinham escolhido como próximo presidente da Colômbia, o senador Álvaro Araújo, um dos congressistas mais próximos de Uribe e testa-de-ferro do narcotraficante “Jorge 40”, que teria declarado numa reunião secreta na Casa de Nariño, sede do governo colombiano, que “se vêm por mim, vêm por “Conchi” (sua irmã, a chanceler Maria Consuelo Aráujo) e pelo presidente Uribe”. O actual ministro do Interior e da Justiça, Carlos Holguin, visivelmente nervoso confirmou a ameaça.

Perante o pânico generalizado apareceu o Messias que, paradoxalmente, num acto evocativo dos 120 anos do Supremo Tribunal de Justiça, totalmente decomposto e com voz ameaçante disse que “se alguém tem alguma coisa contra mim que o diga”.

Pois bem, aqui o vamos repetir. O pai de Álvaro Uribe Velez, Alberto Uribe Sierra, foi narcotraficante detido com o objectivo de o extraditar para os Estados Unidos em 1982 mas, graças às manipulações de Álvaro Uribe filho, foi posto em liberdade, sendo depois, como o declara o mesmo Álvaro Uribe, morto pelas FARC-EP, assim o dizem, pelas suas acções narcoparamilitares.

O jornalista Joseph Contreras, no seu livro “O Senhor das Sombras”, “Biografia de Álvaro Uribe”, disse que é bem conhecido que o helicóptero que trasladou o cadáver de Alberto Uribe, pai do actual Presidente da oligarquia colombiana, da herdade familiar até Medellin era um aparelho do Cartel de Medellin, de Pedro Escobar”, especificamente.

Ao enterro do fazendeiro, segundo o jornalista Fábio Castillo, assistiu o então Presidente da Republica, Belisário Betancourt Cuartas e uma boa parte da nata da sociedade antioquenha, no meio de velados protestos os que conheciam os vínculos de Uribe Sierra com a cocaína.

Algum tempo depois o helicóptero Huges 500 de matrícula colombiana HK2704X, propriedade da família de Álvaro Uribe, foi encontrado no maior laboratório de cocaína descoberto na Colômbia, chamado “Traquilandia”. Ao ser interrogado sobre o assunto, Uribe, visivelmente acabrunhado, respondeu com a desculpa infantil, que tinham perdido o aparelhito e que se tinham esquecido de participar o desaparecimento.

Por parte de sua mãe, a senhora Laura Velez, tem Álvaro Uribe relação familiar com o conhecido “clãs dos Ochoa”.

Segundo o parlamentar Gustavo Petro, Santiago Uribe Velez, irmão de Álvaro Uribe Velez, coordenava as acções do grupo “Os doze apóstolos”, pelo menos desde 1984, permanecendo no carro durante as suas acções com uma metralhadora Ingram, onde recebia os relatos via rádio. O grupo paramilitar tem à sua conta 50 assassinatos cometidos entre 1993 e 1994. Santiago mantinha ligações estreitas com Pablo Escobar Gaviria.

Em Março de 1980, o presidente de então, Júlio César Turbay nomeou Álvaro Uribe director do Departamento de Aeronáutica Civil, e a sua administração caracterizou-se por dar brevets e autorização para construir aeroportos aos narcotraficantes, como o relata Fábio Castillo no seu livro “Os Ginetes da cocaína”.

Por outro lado, as relações de Álvaro Uribe com os grandes capos do cartel de Medellin, como Pablo Escobar, estão bem documentadas.

No final d 1982, Uribe foi demitido do município de Medellin pelo presidente de então, Belisario Betancourt, devido às suas relações com os chefes do cartel de Medellin, particularmente com Pablo Escobar, os irmãos Ochoa e Gonzalo Rodriguez Gacha. Durante o seu curto mandato como alcaide desta cidade dedicou-se abertamente à promoção das actividades do capo Pablo Escobar.

O jornalista Fernando Garavito, que foi obrigado a sai do país por contar a verdade ao mundo sobre Uribe e as suas relações com a máfia, conta em dada altura, estava Fábio Ochoa Vásquez, o capo narcotraficante conhecido como “ o cavaleiro”, numa exposição de cavalos na cidade de Arménia, acompanhado do narcotraficante Gonzalo Rodriguez Cacha, quando se aproximou um indivíduo, mal vestido, de óculos escuros, a quem os Fábio Ochoa chamou “Varito” com quem os dois narcotraficantes conversaram animadamente. O indivíduo era, nem mais nem menos, Álvaro Uribe Velez.

José Obdulio Gaviria, primo direito de Pablo Escobar, é assessor pessoal de Uribe e, diz-se, ideólogo do seu governo. Reconhecendo o carácter delinquente de Obdulio, Ramiro Bejarano, ex-director do aparelho paramilitar conhecido como Das, que por este motivo deve conhecer muito bem o passado dos seus sócios, publicamente e depois de acalorada discussão com Obdulio, disse-lhe: mande-me matar, que para si isso é fácil”.

William Vélez Meza, amigo pessoal de Pablo Escobar, a quem deu vivas em manifestações públicas, que foi presidente de Câmara e fundou um movimento político de fachada para o narcotraficante Pablo Escobar, é primo de Álvaro Uribe Velez e chefia, com Mário Uribe um dos grupos de testas-de-ferro do narcotráfico que apoiou a reeleição de Álvaro Uribe, chamado “Colômbia Democrática”.

Pedro Juan Moreno Villa, amigo pessoal de Álvaro Uribe Velez, que foi assessor presidencial e secretário do governo de Antioquia quando Álvaro Uribe era governador, esteve ligado à importação de materiais para o processamento de cocaína e segundo o jornalista Joseph Contreras, entre 1997 e 1998, agente da DEA (agência estadunidense de antinarcóticos) apossou-se de 50.000 quilos de um produto químico para o processamento da cocaína que teriam sido adquiridos por uma companhia de Pedro Juan Moreno. Quando Pedro Juan saiu do governo por problemas surgidos na partilha do roubo, começou a denunciar as intimidades de Uribe com a máfia, até que, em plena campanha eleitoral, o helicóptero em que viajava se estatelou, num acidente, diz-se, provocado pela máfia do governamental.

Quando Uribe era governador de Antioquia, em 1994, foi o principal impulsionador das denominadas Associações Comunitárias “Conviver”, base dos grupos paramilitares que hoje assegura combater.

Outro indivíduo de nome Uribe, que foi ministro da Guerra do narcotraficante, foi Jorge Alberto Uribe, desmascarado pelo Nuevo Herald de Miami, que afirmou que ele mantinha relações amorosas com uma mulher que se dedicava a levar cocaína para os Estado Unidos.

Sabas Pretel de la Veja, anterior ministro do Interior e da Justiça, esteve envolvido num processo conhecido como “o caso 8000” porque numa caderneta de cheques do cartel de Calli foi encontrado um vultuoso cheque em seu nome, tendo respondido, quando interrogado sobre o assunto, que não sabia que os irmãos Rodriguez Orejuela eram narcotraficantes.


Um homem muito contestado na Colômbia, já que de acordo com investigações foi o autor moral do assassinato do candidato presidencial Luís Carlos Galán, é Alberto Santofimio Botero, que trabalhava para o cartel de Medellin. Álvaro Uribe, em sinal de reconhecimento pelos serviços prestados por este bandido, nomeou o seu filho, Alberto Santofimio Hernández, como primeiro secretário e adido comercial da Embaixada da Colômbia em Paris.

Carlos Nader Simmonds, congressista liberal por Córdoba, foi capturado pela DEA nos Estados Unidos, em Maio de 1983, quando pretendia vender 10 quilos de cocaína, foi quem enviou ameaças de morte à filha do jornalista Daniel Coronel e é, segundo o próprio Álvaro Uribe, uma amigo muito próximo da sua família e a sua casa é visitada frequentemente pelos seus filhos e esposa. Numa lista de pessoas ameaçadas por Simmonds figurava o ex-presidente César Gaviria, a quem os narcotraficantes assassinaram a irmã.

Mário Uribe Escobar, outro primo de Uribe, foi que apresentou o projecto de lei de Justiça e Paz, que outorga o perdão e esquecimento dos crimes de Lesa Humanidade cometidos por terrorismo de estado e narcotraficância. Mário Uribe foi visto na Exposição Equina de Pereira na mesa de honra rodeado de reconhecidos testas-de-ferro do narcotráfico. Devido ao seu passado a embaixada do império ameaçou-o de lhe retirar o almejado visto para os EUA.

Cinco primos de Álvaro Uribe Velez foram investigados pelas suas ligações ao paramilitarismo, segundo uma revelação feita pelo advogado Daniel Prada a investigação teria tido lugar em 1999. De acordo com um texto publicado pelo diário o Novo Século, Prada assegurou que o processo-crime com o número18.095 foi investigado pela Procuradoria Regional de Antioquia, contra os irmãos Germán e Jorge Ivan Fernández Posada, familiares de Álvaro Uribe por parte da mãe.

Emilio Vence, ex-director em Barranquilla do Departamento Administrativo de Segurança (DAS), a polícia política da oligarquia colombiana que depende directamente da presidência, que foi nomeado por Uribe para o cargo, foi testa-de-ferro do narcotraficante Fidel Castaño e o anterior Director Nacional do DAS, Jorge Noguera Cotes, também está sendo investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça, suspeito de ser testa-de-ferro de narcotraficantes.

Como se todo este ambiente uribista fosse pouco, a revista Newsweek denunciou em Agosto de 2004 que Álvaro Uribe Vélez estava incluído na lista dos 102 colombianos mais perigosos, devido às suas relações com o narcotráfico. Segundo o documento, com o número 79 aparece o narcotraficante Pablo Escobar e o 82 cabe a Álvaro Uribe Velez, um “político colombiano que colaborava com o cartel de Medellin, que tinha negócios de narcotráfico no território norte-americano e que trabalhava para o cartel de Escobar, de quem era amigo pessoal”.

Se o narcotraficante que ocupa a presidência quer que lhe digam a verdade sobre o seu passado criminal, aqui lho recordamos e lho recordaremos as vezes que forem necessárias. O actual escândalo, entre outras coisas com dinheiro e armas obrigaram povos inteiros a votar por todos estes delinquentes, incluindo Álvaro Uribe Velez, cuja primeira campanha presidencial foi financiada pelo narcotraficante conhecido por Jorge 40, através do seu testa-de-ferro Gata.

Tradução de José Paulo Gascão

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