Famílias do Acampamento Monte Verde seguem em situação de risco


Pistoleiros atuam livremente em Rondônia




Famílias do Acampamento Monte Verde seguem em situação de risco
 
Jaru, 06 de agosto de 2015
 
O Acampamento Monte Verde, no município de Monte Negro, são terras públicas destinadas a reforma agrária que foram griladas por latifundiários. As famílias acampadas desde 2013 já procuraram representantes estaduais e nacionais do Incra, Programa Terra Legal e Procuradoria Federal junto ao Incra mas até agora nada foi resolvido. Sempre denunciaram toda sorte de violência cometida por pistoleiros e policiais a mando do latifundiário Nadir Jordão dos Reis, que se diz o dono das terras. A polícia e a justiça só apareceram para perseguir, despejar e prender os camponeses.
 
As denúncias mais recentes dão conta de que 13 crianças ficaram várias semanas sem estudar, com medo de ataques de pistoleiros e que policiais militares estão fazendo escolta para caminhonetes da fazenda. É uma situação grave, ainda mais porque a região de Buritis é onde o latifúndio é mais violento em Rondônia.
 
Região com grande histórico de violência contra camponeses
 
O acampamento está localizado na fazenda Jordão, de mais de 1.200 alqueires e que faz parte da Gleba Rio Alto, que junto da Gleba São Sebastião, somam aproximadamente duzentos mil hectares que se estendem por 7 municípios. Na década de 1980, as duas glebas foram cortadas e piqueteadas pelo Incra em 4 mil lotes de 50 hectares. Eram destinados a reforma agrária, mas foram grilados por fazendeiros e latifundiários.
 
Há dois anos os camponeses criaram o acampamento, cortaram os lotes por conta e distribuíram entre si. Desde então vêm sofrendo ataques de pistoleiros de Nadir Jordão, incluindo policiais. As famílias denunciaram agressões, maus tratos e tiros contra o acampamento. O advogado dos acampados, Dr. Ermógenes Jacinto de Souza também denunciou que foi ameaçado de morte. Fortes aparatos policiais já despejaram o acampamento inúmeras vezes, destruíram os barracos e prenderam homens, mulheres e crianças.
 
Várias reuniões de negociação foram feitas desde julho de 2014. Mas apesar do Incra confirmar que as terras do acampamento Monte Verde são da União e que tem interesse na área para fins de reforma agrária Nadir Jordão só abriu mão de 280 alqueires e em troca do Incra regularizar o restante da fazenda em seu nome. Os camponeses que reivindicavam 875 alqueires não aceitaram o acordo.
 
20 anos após a resistência de Corumbiara piorou a situação do camponês que luta pela terra
 
No próximo dia 9 de agosto completarão 20 anos deste que foi um dos fatos mais graves da história do Brasil, mundialmente conhecido como massacre de Corumbiara. Desde então, aumentou a concentração de terra no Brasil e aumentou o número de camponeses assassinados por pistoleiros e policiais a mando de latifundiários que seguem impunes. O Incra está falido, não tem verba para combustível para levar cesta básica aos acampamentos nem para crédito de celular, menos ainda para fazer a reforma agrária falida do governo. A presidente Dilma ostenta o vergonhoso título de presidente que menos assentou famílias desde o regime militar.
 
Isto só incentiva a violência do latifúndio, como ocorre na região de Buritis. Em dezembro passado o fazendeiro Caubi Moreira Quito confessou para um delegado da Polícia Civil de Buritis que contratou policiais militares para fazerem serviço de pistolagem, só confirmando o que todos já sabiam. Em julho, um apoiador da luta camponesa foi assassinado em Buritis. Nos primeiros meses de 2015 pelo menos 7 pessoas foram assassinadas em Rio Pardo, todos defendiam o direito de 300 famílias despejadas em 2013 voltarem para suas terras. Isto sugere a existência de um grupo de extermínio a serviço de latifundiários.
 
Em outubro passado, policiais denunciaram que um oficial e um ex-comandante do 7º Batalhão da PM (Ariquemes) comandavam um grupo de extermínio na região. Acreditamos ser o major Ênedy Dias Araújo, antigo inimigo dos camponeses, desde quando fora comandante da PM em Jaru. Apesar disto, em julho o governador Confúcio Moura chegou a cogitar seu nome para assumir o sub comando da PM no estado. Esta denúncia foi feita em Porto Velho, numa reunião da Comissão de Combate à Violência no Campo presidida pelo ouvidor agrário nacional, Gercino José, que mais uma vez não tomou nenhuma medida concreta. Isto prova que não é um fato isolado, de maus elementos, é uma política de Estado.
 
É urgente que camponeses, trabalhadores da cidade, professores, estudantes, pequenos e médios comerciantes e proprietários conheçam a luta dos camponeses dos acampamentos de Buritis e região e que ajudem a pressionar Gercino José ouvidor agrário nacional, o Incra e o Terra Legal a retomar as terras da fazenda Jordão para os camponeses. Qualquer violência cometida contra os acampados será da responsabilidade deles.
 
Lutar pela terra não é crime!
O camponês quer terra, não repressão!
Terra para quem nela trabalha!
 
LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e
Amazônia Ociden

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