PROTESTO DOS ALUNOS DO COLÉGIO PEDRO II, NO RIO DE JANEIRO
SAUNA DE AULA, NÃO
Um protesto de alunos contra o calor insuportável nas salas de aula do ensino médio do Colégio Pedro II, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, acabou com a prisão de João Pedro Accioly Teixeira, de 17 anos, um dos diretores do Grêmio, de quem me orgulho de ter sido professor no ano passado..
A manifestação começou ao meio dia da segunda-feira. Por volta das 14h, sob a alegação de que os alunos estavam atrapalhando o trânsito, policiais militares jogaram spray de pimenta nos menores e chegaram a agredi-los com cassetetes.
Com carro de som, os alunos, alguns com biquínis, sungas, shorts, óculos de mergulho e boias, protestaram de forma pacífica e bem-humorada, contra as condições insuportáveis a que são submetidos nas salas de aula. A manifestação, denominada de "Sauna de aula, não!", mobilizou cerca de mil alunos.
A polícia foi chamada para conter os jovens. O Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II (Sindscope), um dos que convocaram a manifestação, disse que o protesto seguiria para a Direção Geral do CPII, mas a polícia impediu o trajeto e a partir de então se deu o confronto.
A polícia foi chamada para conter os jovens. O Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II (Sindscope), um dos que convocaram a manifestação, disse que o protesto seguiria para a Direção Geral do CPII, mas a polícia impediu o trajeto e a partir de então se deu o confronto.
Ainda segundo o sindicato, os pms utilizaram gás de pimenta para dispersar os alunos, que não puderam entrar, já que a direção do colégio fechou as portas, deixando os alunos entre a instituição e os policiais.
"A policia chegou com intuito de tirar todos da rua e a direção trancou as portas da escola, porque o ato iria entrar na escola, a direção não aceitou e a polícia interveio", disse o representante do sindicato.
"A escola disse que não receberia um grupo de alunos. O aluno do grêmio tentou entrar na direção e o polícia deu uma "gravata" e o colocou para fora. A agressão aconteceu quando a manifestação já tinha terminado", contou o coordenador.
O coordenador geral do Sindscope, Selmo Nascimento, disse que na delegacia, registraram a agressão do mau policial do 14º BPM, que acusou o diretor do Grêmio de perturbar a ordem. Caberia, na verdade, ao policial garantir o direito democrático da manifestação estudantil, mas talvez isso seja exigir demais de uma polícia totalmente despreparada para lidar com o exercício de cidadania. O aluno prestou depoimento e foi liberado.
O coordenador geral do Sindscope, Selmo Nascimento, disse que na delegacia, registraram a agressão do mau policial do 14º BPM, que acusou o diretor do Grêmio de perturbar a ordem. Caberia, na verdade, ao policial garantir o direito democrático da manifestação estudantil, mas talvez isso seja exigir demais de uma polícia totalmente despreparada para lidar com o exercício de cidadania. O aluno prestou depoimento e foi liberado.
O protesto contou com a aprovação de professores.
“ A reivindicação dos meninos é justa. O Rio está cada vez mais quente, nada justifica a falta de ar condicionados nas salas. Além disso, os poucos ventiladores são muito barulhentos, fazem com que o professor tenha um esforço vocal muito grande. Eu mesmo já tive problemas na voz por causa disso”, justificou professor de Matemática, Eduardo Vicente, que leciona na escola desde 1997.
“ Eu estava andando em direção à calçada, quando os pms vieram pra cima de mim. É uma arbitrariedade, nosso protesto é pacífico e só queremos uma escola melhor”, reclamou o estudante Caio Esmeraldo Miranda, de 17 anos, um dos alvo da repressão dos policiais durante a manifestação.
"A temperatura extremamente alta dificulta o aprendizado" - essa é a reclamação mais contundente dos alunos do terceiro ano, preocupados com o vestibular.
O jornal O DIA comprovou que, em uma sala de aula da unidade de ensino médio, a temperatura era de 41º pouco antes das 13 h, sem a presença dos alunos. Na sala existe apenas um ventilador, que, devido ao barulho que faz, passa parte do tempo desligado.
A unidade tem ar-condicionado em alguns setores, como o gabinete da direção-geral. Ainda na sala de espera, a medição mostrou temperatura que não ultrapassava 28 graus. Ontem, a máxima registrada foi 37,2 graus.
A principais queixas dos alunos são calor, qualidade duvidosa da água dos bebedouros, falta de cantina no colégio e problemas constantes com o RioCard — passe livre eletrônico.
“Chega de promessas. Queremos soluções urgentes. É humanamente impossível aprender alguma coisa em salas onde o calor ultrapassa os 40 graus. Por que só setores administrativos têm ar-condicionado?”, questionou João Pedro Teixeira.
Através de um assessor, a diretora Vera Maria Ferreira Rodrigues admitiu que apenas 30% das cerca de 30 salas da unidade III e três anfiteatros são climatizadas. Em nota, o colégio informou que “é impossível” climatizar as salas imediatamente, por causa de limitações orçamentárias.
Calor forte pode afetar a inteligência
Estudo da Universidade de Michigan, divulgado ano passado, afirma que temperaturas acima dos 30 graus diminuem um terço da capacidade intelectual. No suor, substâncias importantes são dispensadas.
E a previsão é que o calor não dê trégua aos cariocas nos próximos dias. Segundo o Instituto Climatempo, as temperaturas vão continuar altas até o fim de semana, com máximas chegando a 39 graus.
Há possibilidades de pancadas de chuvas nos fins dos dias, devido ao aumento da umidade no litoral. Mas o sol deve prevalecer.
Ar-condicionado comprado
O deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ) encaminhou requerimento ao Ministério da Educação, pedindo informações sobre a aquisição, no ano passado, de 28 aparelhos de ar condicionado e 60 ventiladores de parede para a instituição.
Consulta feita ao Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal (Siafi), um instrumento de controle e acompanhamento dos gastos públicos, mostra que os equipamentos custaram R$ 110,8 mil. “Quero saber onde foram instalados. A área prioritária tem que ser a sala de aula”, afirmou.
A Vigilância Sanitária anunciou que até sexta-feira uma equipe do órgão fará inspeção no colégio, devido à queixa dos alunos de água de má qualidade. O setor de Ofício de Educação e Minorias da Procuradoria da República do Rio de Janeiro vai abrir procedimento para investigar as reclamações dos estudantes.
Sem concentração nas aulas
A Vigilância Sanitária anunciou que até sexta-feira uma equipe do órgão fará inspeção no colégio, devido à queixa dos alunos de água de má qualidade. O setor de Ofício de Educação e Minorias da Procuradoria da República do Rio de Janeiro vai abrir procedimento para investigar as reclamações dos estudantes.
Sem concentração nas aulas
O calor excessivo nas salas de aula compromete a qualidade do ensino, segundo a pedagoga Ilana Cardoso de Gouveia. Responsável por formação de professores, ela afirma que altas temperaturas no ambiente escolar tiram a concentração dos estudantes, impedem o diálogo e debates mais aprofundados. Também baixa a pressão arterial e aumenta o estresse e a irritabilidade. “Isso tudo, claro, prejudica o aprendizado”, explicou.
Comentários
Parabéns aos alunos, ao grêmio, ao sindicato e aos professores pela ação.