Greve deve apontar contra o REUNI e o desmonte da Universidade!
O governo mais uma vez deixou claro o descaso com a educação pública
em nosso país, ao adiar a reunião prevista para acontecer segunda-feira
última, dia 28/05, aonde seria discutida a pauta de reivindicação
dos professores em greve desde o último dia 17/05. A reunião, prevista
para ocorrer no Ministério do Planejamento, foi desmarcada de forma
unilateral pelo governo. Some-se a isso as declarações de Aluizio
Mercadante, dizendo não ver “razoabilidade” para essa greve, para termos um quadro exato da situação.
Mercadante, beirando o cinismo, disse: “Uma paralisação como essa
traz muitos prejuízos para um milhão de alunos. A sociedade investe
pesado para sustentar as universidades federais”. Engraçado, não? O
que dizer do continuado corte de verbas do já minguado orçamento do
Ministério da Educação, ano passado da ordem de R$3,1 bilhões, esse ano
na casa dos R$5 bilhões? Orçamento que, note-se, ainda é pulverizado em
toda espécie de “incentivos” aos tubarões do ensino privado, restando
efetivamente uma parcela insignificante para ser aplicada no ensino
superior público. O que dizer, então, Sr. Ministro, da completa ausência
de assistência estudantil, salas-de-aula, laboratórios, enfim, falta de
tudo nas universidades federais, praticamente desmanteladas após a
impiedosa aplicação goela abaixo do REUNI? O que dizer, então, de que apenas 46% das obras previstas pelo Programa em infra-estrutura foram concluídas?
Para banqueiros e empreiteiros não há “contingenciamento de verbas”:
Não falta e, como é natural, a sede de lucro máximo também não tem
limites. Basta olhar o orçamento da União em 2012: este prevê a
destinação de 47,19% para pagamento da dívida pública. Número superior a
2011, quando para este fim destinou-se 45,05%, e 2010, quando a sangria atingiu a cifra dos 44,93%. É isso mesmo: à medida que
intensifica a crise econômico-financeira no mundo, os banqueiros cobram
uma parte cada vez maior no butim da exploração de nosso povo.
O que dizer, então, dos mega-eventos, como Copa e Olimpíadas, que têm
previsão de gastos de R$220 bilhões e, na verdade, com atraso nas obras
e todo tipo falcatruas, podem inclusive ultrapassar esse valor
astronômico? Somente os gastos de segurança (leia-se: repressão ao povo
trabalhador em geral e aos movimentos populares em particular) durante a
Rio + 20 devem chegar a R$ 132 milhões de reais!
O que isso tem a ver com a greve e com a educação? Tudo, obviamente.
Em 2011 à pasta da Educação foi destinado 2,99% do Orçamento e, em 2012,
a previsão é que a ela se destine 3,18%. É com esse recurso pífio que,
com toda pompa, o governo Lula e agora Dilma pretenderam dobrar o número
de vagas nas universidades federais. Só podia dar no que deu: mais
sucateamento e precarização de um lado; mais lutas e resistência, de
outro.

Greve com universidades ocupadas! Seguir o exemplo da ocupação na UNIR!
É necessário que os estudantes, setor mais numeroso e dinâmico da
Universidade, que têm protagonizado dezenas de ocupações de REItoria
contra o REUNI de 2007 pra cá, tenham independência durante a greve, ou
seja, agreguem à pauta do movimento docente suas próprias reivindicações. Devemos dizer com todas as letras que o sucateamento das
IFES tem uma causa muito clara, qual seja, o continuado corte de verbas
e o REUNI. E que os principais inimigos a serem enfrentados são, por um
lado, o governo federal, responsável direto por esse processo, e de
outro os REItores puxa-sacos que aprovaram Planos visivelmente
repudiados pela comunidade acadêmica, se prestando ao triste papel de
fazer sessões de Conselhos Universitários até mesmo em Tribunal de
Justiça com cerco policial (UFF) e no interior de base militar (UNIR).
Aos estudantes não interessa uma greve do tipo de “desgaste”, com
universidades vazias e desmobilizadas. Ao contrário: a greve que nos
serve é a greve de ocupação, com universidades cheias, debates políticos
e atos. Aonde for possível, devemos combinar a greve com ocupação de
REItoria, o que, até mesmo pelo fato de concentrar todos os estudantes e
tomadas de decisão num único lugar, permanentemente mobilizado, garante
outra dinâmica à greve.
Nesse sentido, como exemplo, achamos importante destacar a greve e
ocupação da REItoria da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) que,
encerrada vitoriosamente em 23 de novembro do ano passado, conquistou as
maiores vitórias que se tem notícia do movimento estudantil nos últimos
tempos, culminando inclusive com a derrubada do REItor. Essa é uma
experiência importante, que deve ser divulgada e da qual devemos tirar
muitas lições.
Lá, os estudantes mantiveram greve e ocupação de REItoria em uma
jornada de dois meses, ergueram barricadas e taparam o rosto,
enfrentaram a tentativa de isolamento, prisão de professor e ameaças de
morte, se negando por duas vezes a cumprir a reintegração de posse da REItoria.
Pais de estudantes foram incorporados ao movimento e intensa campanha
de propaganda e agitação foi movida na capital Porto Velho, resultando
em amplo apoio da população. Uma campanha de solidariedade à luta foi
movida, mobilizando entidades e organizações de todo o País. O
resultado foi a vitória integral da mobilização, com a derrubada do
REItor e a conquista de todas as pautas de reivindicação dos estudantes.

Devemos repercutir e fazer com que todos compreendam o histórico
recente da luta nas universidades, desmascarando a UNE governista que,
para tentar enganar os ativistas mais novos e desmobilzar a mobilização
de dentro, diz ser agora a favor da greve. Ora, era realmente só o que
faltava! Os mesmos que defenderam, desde o primeiro dia do governo,
todas as medidas da “reforma” universitária, inclusive o REUNI, se
opondo a quantas greves e ocupações de REItoria ocorreram pelo País, a
mesma entidade oficial que cansou de receber Ministros e os gerentes
Dilma e Lula em seus pseudo-congressos, vêm agora dizer que é a favor da
greve. Sim, são a favor de uma greve que não ataque o governo federal,
são a favor de uma greve que não denuncie o nefasto papel do REUNI, uma
greve que não avance para formas mais radicalizadas de luta como
ocupações de REItoria...Enfim, são a quinta-coluna da greve, ou dito em outros termos, o lobo em pele de cordeiro que deve ser desmascarado.
Mais do que nunca devemos manter firmes nossas bandeiras de defender
com unhas e dentes a universidade pública, gratuita e à serviço do povo e
de greve geral contra a “reforma” universitária e o desmonte da
educação. E manter firme nossas bandeiras, nesse momento, não é apenas
defende-las verbalmente, mas falar com os fatos, com mais luta, com mais
ação com mais mobilização!
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Gostaria de convidá-los para as atividades de celebração dos 10 anos do jornal A Nova Democracia, que acontecerão nos dias 8 e 9 de junho no Rio de Janeiro.
PROGRAMAÇÃO:
DEBATE: A IMPRENSA POPULAR E DEMOCRÁTICA
Dia 8 de junho, às 18h, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
Rua Araújo Porto Alegre, n° 71, auditório do 9° andar.
Centro – Rio de Janeiro
Com a presença de:
- Vitor Giannotti (Membro do Núcleo Piratininga de Comunicação e do conselho editorial do jornal Brasil de Fato).
- Raimundo Pereira (Diretor do jornal Movimento nos anos de 1970/início dos 80; Diretor editorial da revista Retrato do Brasil).
- Maurício Azedo (Presidente da Associação Brasileira de Imprensa).
- José Ricardo Prieto (Diretor geral do jornal A Nova Democracia).
ATIVIDADE CULTURAL
Música popular, teatro, dança e poesia
Dia 9 de junho, às 19h.
Local: Espaço de Dança Caio Monatte
Rua Haddock Lobo n° 79/sobrado.
Próximo a estação de metrô do Estácio.